sábado, 19 de setembro de 2015

Pequenos cuidados podem evitar acidentes domésticos com crianças

Brinquedos, principalmente com peças pequenas, não devem ser deixados no berço / Foto: Free Imagens
Brinquedos, principalmente com peças pequenas, não devem ser deixados no berçoFoto: Free Imagens
Deixar crianças sozinhas em casa pode ser muito perigoso, já que mesmo o conforto do lar oferece riscos aos pequenos, que ainda não têm noção de perigo. A morte de um menino de cinco anos na Grande São Paulo nessa quinta-feira (17) deixou muitos pais assustados. Gustavo Souza caiu do 26º andar de um prédio, pela janela do banheiro, enquanto a mãe dele saiu de casa para buscar o namorado.
Também esta semana, no interior de SP, um menino de 2 anos saiu sozinho de casa, por volta de 0h30, quando os pais saíram para jantar e o deixaram dormindo. A criança foi levada para um abrigo e passa bem. Na madrugada desta sexta-feira (18), uma criança de 12 anos precisou ser socorrida após cair de um beliche de quase 2m de altura no bairro de Muribara, em São Lourenço da Mata, Grande Recife. O menino foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município e encaminhado ao Hospital Otávio de Freitas, com suspeita de fratura nos dois braços. 

Ainda em Pernambuco, uma menina de dois anos morreu afogada dentro de um balde enquanto tomava banho na última segunda (14), no município de Araçoiaba, no Grande Recife. A mãe da criança se afastou para pegar uma bíblia.

O artigo 133 do Código Penal prevê pena de seis meses a três anos de detenção para pais e mães que deixam seus filhos (até 16 anos, dependendo do caso) em casa sozinhos - o que pode caracterizar abandono de incapaz. Por serem muito ativas, as crianças precisam de atenção o tempo todo, pois uma pequena distração pode levar a acidentes graves.

Proteger varandas e janelas com redes, colocar portões no topo e pé de escadas, não deixar os pequenos acessarem a cozinha ou o banheiro desacompanhadas, entre outros, são dicas simples dadas pelo assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros de Pernambuco, major Edson Marconni. "Produtos químicos usados na cozinha ou área de serviço e medicamentos devem ser guardados em armários fechados, fora do alcance das crianças", explica. Caso a criança acabe ingerindo algum desses produtos, deve-se levá-la a uma unidade de saúde junto com a embalagem. 

Filha de Fátima Amoêdo machucou parte superior do corpo com sopa quente
Filha de Fátima Amoêdo machucou parte superior do corpo com sopa quenteFoto: cortesia
A dona de casa Fátima Amoêdo, 55 anos, passou por um susto há alguns anos, quando a filha Nayara, aos dois anos, se queimou com uma sopa que havia acabado de sair do fogo. "Eu estava fazendo uma sopa que ela tinha pedido e ela estava brincando dentro de casa. Quando coloquei na vasilhinha, naquela ansiedade ela fez: 'Cadê?' e virou [o recipiente]", lembra a mãe.

O colo, as mãos e o rosto da criança ficaram queimados. "Foi muito rápido, quando se tem filho pequeno tem que ficar atento. Foi uma distração minha", afirma Amoêdo, que ainda tem outro filho. Após tentar procedimentos caseiros que depois descobriria que eram inadequados, Fátima levou a menina a uma unidade de saúde. "Muito inexperiente, botei pasta de dente, manteiga, molhei...", conta.

No hospital, Nayara recebeu um banho com soro e curativos. A família ainda teve que voltar ao hospital por cerca de 15 dias para trocar as ataduras, para que as bolhas formadas não inflamassem. Hoje, aos 31 anos, a filha de Fátima não tem cicatrizes. "Fiz o acompanhamento, passando Hipoglós quando ela saía no sol [a criança foi proibida por 6 meses de ficar exposta] e usando remédios dos tempos antigos, aqueles 'da vovó'", explica.

Major Marconni dá dicas de procedimentos que podem evitar acidentes em casa
Major Marconni dá dicas de procedimentos que podem evitar acidentes em casaFoto: Facebook/Reprodução
Plantas venenosas (leitosas ou que contêm "pêlos") também oferecem risco de intoxicação. Também deve-se estar atento a brinquedos com peças pequenas, sacos plásticos e fios dispersos no chão. "As tomadas devem ser protegidas para que as crianças não corram o risco de choque", afirma o major Marconni. As toalhas das mesas não devem ser longas, em casas em que há bebês aprendendo a andar. "A criança pode acabar puxando e os objetos que estão em cima podem cair nela", completa.

O major Marconni é responsável pelo desenvolvimento do aplicativo "Primeiros socorros", em que é possível acessar dicas de como proceder em casos de engasgo, fratura, queimadura, entre outros.

Em relação aos animais, é necessário manter as vacinas em dia e ensinar os pequenos como brincar com o pet. "Os pais não podem deixar a criança brincar sozinha, tem que ter o acompanhamento da brincadeira, porque [o cachorro ou gato] tem o instinto animal", afirma a coordenadora nacional da Organização Não Governamental Criança Segura.

Felizmente, o número de internações provocadas por acidentes domésticos com crianças entre 0 e 9 anos diminuiu entre 2010 e 2014, de acordo com o Ministério da Saúde. A quantidade passou de 11.730 casos para 9.086 (-22,5%). O número de mortes também caiu entre 2011 e 2013, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade. A redução foi de 28,2% óbitos, passando de 851 para 611 casos.

Para aprender mais sobre procedimentos que evitam acidentes em casa é possível fazer um curso de multiplicadores da ONG Criança Segura pela internet. Familiares e profissionais da saúde e de trânsito podem acessar o site da ONG e conferir o cronograma das capacitações - gratuitas. Além da divulgação e dos cursos, a ONG também acompanha políticas públicas que contribuem para a segurança infantil, como o projeto de lei que pede a obrigatoriedade do uso da cadeirinha nos carros, por exemplo.

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