terça-feira, 17 de novembro de 2015

Filho de Shaolin e Lucy Alves vão virar “marionetes” em novela da Globo que visa sepultar transposição de águas do São Francisco



O sonho do nordestino pobre do semi-árido um dia vir a beber água do rio São Francisco está agora por um fio, numa ação que pode ser considerada criminosa envolvendo setores extremamente radicais dos Governos Federal, da Bahia e de Sergipe, em conluio com a direção da Rede Globo de Televisão, convocada para - através de uma novela de longa duração (serão quase 200 capítulos) - mostrar que o projeto de transposição de águas é danoso para o rio e pode vir a matá-lo.


A ‘Shaolin Produções" diz que Lucas terá papel importante na Globo.



Arquitetada há meses nos bastidores da emissora a novela, cujo nome será VELHO CHICO, terá uma trama bastante inteligente, de modo a não despertar de cara os seus maléficos objetivos e, dessa forma, não motivar revolta na população dos Estados que seriam beneficiados com o projeto, principalmente Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte.

O elenco será realmente top e incluirá ícones da teledramaturgia nacional como Fernanda Montenegro e Tarcísio Meira, longe da telinha desde Saramandaia. Os protagonistas serão Letícia Sabatella e Antônio Fagundes, e a trama ainda contará com a participação de Rodrigo Santoro, cuja última participação na TV foi em ‘Mulheres Apaixonadas’.

Além desses atores, já estão confirmados: Camila Pitanga, Rodrigo Lombardi, Domingos Montagner, Julia Dalavia, Renato Góes, Pablo Moraes, Paula Barbosa, Cássia Kis Magro, Marcelo Serrado, Marcos Palmeira, Fabíola Nascimento, Christiane Torloni, Dira Paes, Lee Taylor, Gabriel Leone, Bruna Caram, Umberto Magnani, Maria Fernanda Cândido, Bruno Fagundes, Irandhir Santos e o cantor Rogerinho Costa.

Aliás, VELHO CHICO já se transformou em novela antes mesmo de ir ao ar, tanto pelas tentativas de obter aprovação da Globo quanto pelas incertezas do elenco, que será mesclado com novos atores, preferencialmente nomes do Nordeste como os paraibanos Lucas Veloso (filho de Shaolin) e Lucy Alves, a sanfoneira que virou sensação nacional.

Inicialmente VELHO CHICO estava programada para entrar no horário das sete, mas agora a emissora decidiu que ela entrará no horário nobre substituindo ‘A Regra do Jogo’, com estréia provavelmente em 04 de abril de 2016.

A trama está sendo escrita a quatro mãos por Edmara Barbosa (filha de Benedito Rui Barbosa) e Bruno Barbosa (filho de Edmara Barbosa e neto de Benedito), com supervisão do próprio Benedito Ruy Barbosa e direção de Rogério Gomes, o Papinha.

Lucas Veloso assinou contrato com a Globo no final da última semana e, segundo a ‘Shaolin Produções’, vai ter “papel importante no horário mais nobre da TV brasileira”. Lucy Alves, que também está em negociações com o núcleo administrativo da novela, deve assinar contrato nos próximos dias.

Os dois serão pobres moradores ribeirinhos do velho Chico, desempenhando na realidade um papel secundário na novela como espécies de ‘marionetes’ a terem maior ou menor presença de acordo com a reação que vier a ser desenhada pela opinião pública da região Nordeste ao longo dos capítulos iniciais.



SINOPSE

Com exclusividade A PALAVRA teve acesso à sinopse de VELHO CHICO e atestou realmente que o foco é a desconstrução do projeto de transposição das águas do rio.

A novela será ambientada na cidade fictícia de Grotas, vizinha a Bom Jesus da Lapa, e se dividirá em três fases, tendo como principal tema a transposição do rio São Francisco e um romance proibido envolvendo famílias rivais.

A primeira fase se dá na década de 70, quando a Usina Hidrelétrica de Sobradinho é construída e desapropria muitos moradores das cidades do seu entorno.

Quem poderia fazer algo contra a construção da usina, um coronel que comanda Grotas, nada fez pois seria o maior beneficiado, lucrando com a construção em suas terras.

A segunda fase se passa no final da década de 80. O coronel entra em conflito com o próprio filho (personagem do Antônio Fagundes), pois este tem ideais contrários aos do pai. É justamente nesta fase da novela que se dá a sucessão do pai (o coronel latifundiário) pelo seu filho, este passando a cuidar dos negócios do pai. Com o tempo o filho acaba se corrompendo pela política.

Já a terceira fase se passa nos dias atuais, com o sucessor (Antônio Fagundes) entrando em conflito com seus dois filhos, um rapaz e uma moça. O rapaz é universitário, estudado, e tem ideais bem diferentes do pai, sendo contra a transposição das águas do rio São Francisco, defendendo causas ambientais. A moça, por sua vez, acaba se apaixonando pelo filho de um inimigo de seu pai, que é justamente a família que agita as manifestações em prol do Velho Chico, configurando, portanto, um romance proibido.

Edmara Barbosa, a autora do enredo, resume a novela:

“Uma família de latifundiários que lida com suas terras e com o rio da maneira tradicional, e outra que se opõe a esse modo de lidar com a terra e com a água, que busca, contra a vontade do coronel, encontrar o equilíbrio entre o homem, a natureza e a forma de produção. Os filhos dessas duas famílias se apaixonam, desencadeando uma verdadeira guerra entre as duas famílias rivais.”

Ela fala da complexidade de VELHO CHICO e da importância da cultura do povo ribeirinho ser bem retratada:

“Cada lugar que ele passa tem uma história, uma cultura diferente. Daí nosso trabalho de pesquisa ser extenso. Queremos apresentá-lo aos brasileiros, falar de sua importância e fazer o rio navegar dentro do telespectador”.



A ATIVISTA SABATELLA

O elenco na realidade tem sido escolhido a dedo. Leticia Sabatella, por exemplo, foi escalada porque é de fato muito engajada com as questões ambientais, inclusive já tendo participado de audiência pública em Brasília criticando a ação do governo na transposição das águas do rio São Francisco, em dezembro de 2007 e, ainda, na ocasião da greve de fome do bispo Luiz Flávio Cappio, tê-lo visitado em seu 12º dia de greve.

Essa atuação marcante em defesa do meio ambiente foi, sim, a principal causa de Sabatella ser convidada para VELHO CHICO conforme apurou A PALAVRA.

Outro nome inicialmente cogitado para atuar na novela foi o da paraibana Elba Ramalho, notória crítica do projeto de transposição, personagem que recebeu de Campina Grande, oito anos atrás, o título de ‘Persona-non-grata’ pela Câmara Municipal exatamente pela exacerbada posição contrapondo-se aos anseios dos sedentos irmãos nordestinos.

Elba foi descartada por que está convalescendo de um câncer de mama e, assim, não poderia ter dedicação exclusiva no tórrido sertão nordestino onde as principais cenas de VELHO CHICO serão gravadas.



A ‘CRIA’ DE SAULO QUEIROZ

Embora tenha se dedicado ao humor, seguindo a carreira subitamente interrompida do pai, Lucas Veloso é ótimo ator. Para quem não sabe, o aprendizado dessa arte se deu pelas mãos e inteligência cênica de Saulo Queiroz, consagrado ator e dramaturgo campinense cujas peças já correm o mundo.


Lucas canta para Shaolin, que segundo ele "aprova" ou não com os olhos o seu trabalho.



Aos 18 anos, Lucas vem encarando a plateia brasileira com shows de humor. Já abriu um espetáculo de Tom Cavalcanti em João Pessoa, se apresentou durante todo o mês de junho no palco dedicado à comédia no São João de Campina Grande, teve brilhantes participações no programa do Gugu e agora foi, enfim, descoberto pela TV Globo.

Em cena - e até mesmo fora dos palcos - Lucas provoca o riso com a naturalidade de quem já cresceu acostumado a lidar com o público. "Minha primeira apresentação foi aos quatro anos, num show do meu pai. Ele me vestiu com uma saia estampada e me colocou pra imitar Cozete Barbosa, que na época era prefeita de Campina Grande. Foi então que eu percebi que aquela sensação de fazer as pessoas rirem me agradava", conta.

Assim como o pai, o qual tem como uma das principais inspirações e referências profissionais, Lucas Veloso leva ao palco uma série de imitações de artistas e personalidades brasileiras. O ex-presidente Lula, o humorista Chico Anysio e o apresentador Marcelo Rezende são alguns dos caricaturados pelo filho de Shaolin. Na internet, o garoto faz sucesso também com seus próprios personagens. O mais conhecido é Vagner, o vendedor de codornas espertalhão.

"Eu me inspiro muito em atores como Jim Carrey, Chico Anysio, Chaplin e, é claro, meu pai. Para a imitação, a fórmula é assistir incansavelmente a vídeos desses caras pra ir pegando os trejeitos, o jeito de falar, o olhar. E os personagens ou roteiros autorais eu sempre submeto a duas peneiras pra avaliar se estão mesmo bons: a primeira é o meu pai. Sempre que escrevo alguma coisa corro pra mostrar a ele, que é muito crítico. Se ele rir, já sei que está bom, e aí submeto à minha segunda peneira, que é o meu professor de teatro Saulo Queiroz".

Lucas começou a estudar teatro aos 12 anos e possui dois certificados de conclusão de cursos de atuação, além de um de mímica. Hoje com o ensino médio recém-concluído, não pensa em prestar vestibular por enquanto. "Quero continuar estudando teatro e fazer graduação em artes cênicas, curso que ainda não chegou em Campina Grande", explicou. Foi nos cursos de atuação que Lucas sacramentou sua afinidade com a comédia. "Eu não sei ficar sério. Então numa montagem mais dramática eu acabo fazendo todo mundo rir; acaba não dando certo. Embora eu adore atuar, em qualquer que seja o gênero narrativo".

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