quarta-feira, 2 de abril de 2014

O amigo e a loira



Um coleguinha nosso aqui de João Pessoa, cujo nome não digo porque se disser ele se intriga, como já ameaçou, foi a Belo Horizonte participar de um Congresso. Cidade bonita, cheia de avenidas largas, prédios enormes, gente chique por todos os lados, o coleguinha deslumbrou-se logo de chegada. Até pensou em fixar residência naquelas plagas, claro se arrumasse um emprego que lhe financiasse a moradia, a comida e a farra, que naquele tempo integrava o seu cardápio diário.
Os congressistas foram hospedados num belo hotel, como não poderia deixar de ser, por ser a cidade bela, de nome Belo Horizonte. Cada apartamentão enorme, com duas camas, banheira de água morna e saltitante, espelhos, frigobar, ar condicionado, tv com controle remoto e antena parabólica, um luxo.
O restaurante do hotel parecia um céu. Mesas e mais mesas ricamente adornadas, toalhas cobrindo tudo, uns guardanapos brancos e vaporosos que o meu coleguinha chegou a confundir com suculentas tapiocas, os talheres de prata pura, enormes, bem diferentes daqueles garfos e facas encontrados na lanchonete de Zezinho do Botafogo, que mal podiam equilibrar um pedaço de cuscuz e os garçons, todos de paletós brancos e gravatas borboletas, dando ao ambiente um ar de rara nobreza.
O bar então, com sua luz fosca, mesas discretas e cadeiras amolfadadas, além do balcão onde eram depositadas bebidas de várias marcas e sabores, encantou sobremaneira os olhos do meu amigo. Que não mais saiu de lá, diga-se. Meteu a cara no uisque como o matuto da seca mete a boca na cacimba de água fresca.
Ao término da vigésima dose, lá estava a loira. Que loira! Linda, cabelos descendo pelos ombros, seios fartos, bem dispostos dentro do vestido e mostrando apenas os seus começos pelo decote guloso, a cintura redonda e fina, os quadris (meu Deus do céu, que quadris!) pareciam as alças da Beira Rio com o viaduto no meio. O amigo levantou-se. Já era enxerido por natureza, mas quando tomava uma, saia de perto, pegava quem aparecesse. Foi até a linda, chamou-a para dançar uma parte, se apertaram, se beijaram, se amassaram, chumbregaram de todo jeito e, prestes a explodir, sem mais aguentar, o meu coleguinha convidou-a ao apartamento.
Foram. Lá dentro, em cima da cama, querendo aproveitar ao máximo o espetáculo e o saboroso prato, o coleguinha começou, sem pressa, pelos beijos ardentes de língua, passou a beijar o pescoço e, à medida em que descia, também arreava a roupa da bela. Vieram os seios, belos, pontudos, bicos vermelhinhos, ambos olhando para Pirpirituba, depois o umbigo, bem feito, só o buraquinho com a bolinha de gude dentro. Aí o amigo, para atrasar o climax, pulou do umbigo para o mocotó. Mocotó fino, de mulher valente, pernas roliças, joelhos redondinhos, parecendo uma bolacha maria e aí chegou a hora H. Desceu-lhe a calcinha e, com a mão aberta, gulosa, foi lá na gruta do amor. Mas qual o que!!!! Em vez da abertura ardente, encontrou uma verdadeira estaca. Grande, redonda, cabeçona de fazer medo a menino levado, dura que parecia a ponta de uma lança. A loira era um loiro, descobriu o meu amigo. A cachaça foi embora na hora. O amigo chamou um colega daqui que com ele foi ao Congresso, contou o havido, o colega, solidário, armou-se com um cabo de vassoura e os dois, mostrando que paraibano é bom de briga, botaram a loira, que na verdade era um loiro, para correr desembestado escada afora.

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